Graves, da igreja, os sons do sino são.
Dão-me vontade de pedir perdão.
Mas não é Ao que lembram sons de sinos:
É a Outra Cousa que procuro em vão.
Já me cansei de ouvir dizer farei.
Quem de fazer, ou não fazer, é rei?
Animal a quem a alma foi imposta,
O homem dorme irrequieto.
Mais não sei.
Que bom se a infância fosse de guardar!
Que bom se a vida fosse de parar!
Mas bom, sem fosse, é o vinho que se bebe
Sem nenhuma intenção de ter ou 'estar.
PESSOA, F., 1997, Canções de Beber na Obra de Fernando Pessoa, Edições de Arte, Lda., Lisboa, p. 28 [13-5-1931]
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