quarta-feira, 15 de julho de 2020

Tácita...


Adornada de folhas, criando uma nova cultura, lembrando de um dia que eu estava velha...
1 milhão de anos era pouco para a sensação daquele dia, e lá compus uma oração,
Visitei as cavernas dos meus dias, abri as janelas secando as lagrimas e doando meus tesouros. Contemplei o Inverno sem medo, respirei o coletivo imaginal das minhas ancestrais... 
Queimei os remendos da alma rasgada por medo.
Agradeci ser selvagem e me sentir sabia. 
Voei pelas florestas fechadas e impenetráveis com raízes de quartzo. 
Fui despertador quando ninguém dormia.
Reuni os anos, e mais vasta e mais generosa, fiquei repleta de mim, alimentada por inteira, refiz meu parto... 
Nasci de novo e aquilo tudo era só o começo...

Gre Gaia Leskovar

Labirinto afora, aflora...



Abraçada por um labirinto, deitada entre a Terra nua dos meus dias e as ideias circulares amadurecidas pelo tempo, meus olhos atentos, buscando um foco, num estado quase que desconfortável...

A sensação, é de que quero algo, que me seja contado pela primeira vez mas como já tivesse a sentido um milhão delas…

Algo como a intimidade da mudança, como a surpresa do éon.

A intuição declarada em verbo, a alma numa saga primorosa de força e completude.

Nessa demanda que agora me deixa quase tonta, debruçada com um sorriso sobre meus mitos e contos favoritos. E definitivamente não quero mais respostas…

Não preciso delas.


Eu quero o canto, o conto, minha intensidade de volta em casa, numa obra prima de baixo orçamento, de classe e genuína expressão como meus moldes prediletos.

Quero toda a expressão e especiais bênçãos de uma saída para uma expedição sem data de retorno, e minha alma criativa montada num cavalo livre, levando minhas palavras até o Everest na velocidade da luz.

Não me preocupa mais os desafios da idade, e os perigos dos sonhos em altitude. Desde que eu mantenha minha visão tecelã, e isso misteriosamente me faz sentir protegida e segura, quero o abraço da minha generosidade, com duas voltas de intenção sobre meus frutos maduros e doces. 


Me entendo selvagem, e não perigosa. 

Gosto da Sabedoria notável das experiências vividas, das escolhas concluídas, de lembrar que seus verdadeiros dons não foram ensinados.

Nasceram prontos, cabe a nós, dar a ignição necessária com a coragem, para o sentido de descoberta, se fazer acontecer nas noites da alma, nos ventos que carregam as lágrimas, e nas águas que reparam as perdas, durante alguns inverno da vida, rasgada pelos descuidos e desencontros.


 Por que eles acontecem, e continuarão a existir, mas o belo legado da sua essência pode ser determinante na ação sem platéia que realizamos sem que nenhum tempo seja medido, e sem que precisemos contar a alguém, ou esperar que alguém nos proteja das nossos perigos.

Como selvagens, não necessitamos de adagas para defender nossos territórios interiores, nem de machados de prata a medida que envelhecemos, precisamos do fogo, que ressuscita nossas melhores aptidões, da água que nutre a fonte das nossas escolhas, do vento que movimenta nossos frutos semeando no fértil espaço sagrado, as flores que irão nascer, nos alimentos que plantaremos com nossa intenção e dedicação. E da Terra que segue amparando nossos pés em nossa jornada, e que nos confere a calma nos momentos de labirinto da nossa estrada, e nos convida a fechar os olhos e seguir o olhar sob a Vida, em tons de Aquarela e musicado com nosso ritmo, sempre de dentro pra fora.


Gre Gaia

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Torna-se





E numa manhã, quase antes de abrir os olhos, acorda os sentidos e imprime com gosto de pêssego, a senha ideográfica do sábado.
Vigorosamente incendeia as travas, atordoa os medos, desafia os receios, incentiva e acorda a coragem, alimenta a força e o fluxo das idéias, antes de qualquer c
Encontra o instinto, o caminho perdido das falas perfumadas dos dias idos. Convida a intuição, amarra a razão.
Leva flores para a audácia, arranca as cortinas e abre as janelas, canta em pleno sol a pino e encanta sua a tradução do agora, numa passagem rápida entre o ir e vir das escolhas da sua alma. 

Num êxtase Orgônico, decide despertar sem cobranças, fazer brilhar no reflexo do espelho a extensão do riso e o diamante das pupilas.

Naturalmente feliz,  percorrida por palavras... 
Entre o hoje, até quando permanecer esse agora.


Gre Gaia.

Tateante





Depois de certa do que não quero

o movimento da Vida flui, se inclina maravilhosamente para o que

é experimental, novo, incipiente, inoxidável, presente e inspirador...

e o que descobrimos, desenvolve a natureza destemida do

da originalidade plena, conquistada, incrivelmente Viva.

Entusiasta?

Não...



Tateante.

Gre Gaia

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Sweet Chai ...


Menos epicurista, mais empírica,
Distante das telúrgias restritivas que suspenderam aprisionando os sentidos em um cenário cego, de enredos sem cor, distante da respiração dos pássaros e do riso das águas.

E foi ali, onde a falta da sua natureza essencial a ensinou a voar novamente.

Sem alardes e segura, como águia a altura de seus sentimentos, calando o temor, e ampliando a visão, do que se existe dentro, e que nenhuma força consegue apagar, confiando apenas na genuína presença daquilo que nasceu pra ser.
Resolveu abrir o livro de paginas brancas, a serem escritas com a presença azul de infinitas sensações, mais uma vez, por pura vontade, e por vontade pura. 

Respira em tons de cardamomo, a purificação divina da arte de ter sobrevivido ao seu aprisionamento interior.
Em tempos onde o mundo revisa seu trajeto e suas formas. Onde as canetas da grande maioria, teme riscar suas paginas brancas, por medo de se retraduzir.

E feliz e certa que hoje era isso que precisava...

Django Reinhardt  ciganamente  conduzindo a um portal de intimidade metafórica, de ascender as luminárias na sala e olhar com carinho para esse momento nesta noite pós final de tarde lindo e lilás neste Outono confinado.

De esquentar a água pro chá de Raiz de Gengibre, Camomila Egípicia, Verbena, Lemon e Canela ... e se deixar levar pela sensação quente da xícara entre as mãos tocando a harmonia num rito único, na cerâmica acolhedora, antes de começar a passear com as mãos tocando o piano de letras, e traduzindo o que flui nas idéias mobiliadas, no ir de infinitas conexões enlaçadas em sentimentos misturados, com o anseio de se fazer impresso com a legitimidade de uma semente.

E assim, me percebo num suspiro profundo e perfumado, das folhas úmidas do chá, e degustando ter chego até aqui, com a maturidade suspensa desse Outono, como uma jabuticabeira em flor, que acorda seus frutos na Orquestra da vida em seu próprio tempo.


por Greicy Gaia