Abraçada por um labirinto, deitada entre a Terra nua dos meus dias e as ideias circulares amadurecidas pelo tempo, meus olhos atentos, buscando um foco, num estado quase que desconfortável...
A sensação, é de que quero algo, que me seja contado pela primeira vez mas como já tivesse a sentido um milhão delas…
Algo como a intimidade da mudança, como a surpresa do éon.
A intuição declarada em verbo, a alma numa saga primorosa de força e completude.
Nessa demanda que agora me deixa quase tonta, debruçada com um sorriso sobre meus mitos e contos favoritos. E definitivamente não quero mais respostas…
Não preciso delas.
Eu quero o canto, o conto, minha intensidade de volta em casa, numa obra prima de baixo orçamento, de classe e genuína expressão como meus moldes prediletos.
Quero toda a expressão e especiais bênçãos de uma saída para uma expedição sem data de retorno, e minha alma criativa montada num cavalo livre, levando minhas palavras até o Everest na velocidade da luz.
Não me preocupa mais os desafios da idade, e os perigos dos sonhos em altitude. Desde que eu mantenha minha visão tecelã, e isso misteriosamente me faz sentir protegida e segura, quero o abraço da minha generosidade, com duas voltas de intenção sobre meus frutos maduros e doces.
Me entendo selvagem, e não perigosa.
Gosto da Sabedoria notável das experiências vividas, das escolhas concluídas, de lembrar que seus verdadeiros dons não foram ensinados.
Nasceram prontos, cabe a nós, dar a ignição necessária com a coragem, para o sentido de descoberta, se fazer acontecer nas noites da alma, nos ventos que carregam as lágrimas, e nas águas que reparam as perdas, durante alguns inverno da vida, rasgada pelos descuidos e desencontros.
Por que eles acontecem, e continuarão a existir, mas o belo legado da sua essência pode ser determinante na ação sem platéia que realizamos sem que nenhum tempo seja medido, e sem que precisemos contar a alguém, ou esperar que alguém nos proteja das nossos perigos.
Como selvagens, não necessitamos de adagas para defender nossos territórios interiores, nem de machados de prata a medida que envelhecemos, precisamos do fogo, que ressuscita nossas melhores aptidões, da água que nutre a fonte das nossas escolhas, do vento que movimenta nossos frutos semeando no fértil espaço sagrado, as flores que irão nascer, nos alimentos que plantaremos com nossa intenção e dedicação. E da Terra que segue amparando nossos pés em nossa jornada, e que nos confere a calma nos momentos de labirinto da nossa estrada, e nos convida a fechar os olhos e seguir o olhar sob a Vida, em tons de Aquarela e musicado com nosso ritmo, sempre de dentro pra fora.
Gre Gaia
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